quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pensamentos de um profeta



“O homem se tornou principalmente um animal inventor de ferramentas, e o mundo é agora uma grande caixa de ferramentas para a satisfação de suas necessidades.

Os gregos estudavam para poder entender. Os hebreus estudavam para respeitar. O homem moderno estuda para manipular.

A oração que não é confirmada pela conduta é um ato de profanação e de blasfêmia. Não faça a oração em vão. Nossos atos não devem ser um a contradição de nossas orações.

Aquela que busca um Deus para adequá-lo a sua astúcia, para apaziguar sua vaidade, para satisfazer sua curiosidade, encontrará no final uma fantasia de sua imaginação. Aquele que sai em busca de Deus sobre uma ponte de demonstrações abstratas, chegará a um castelo no ar. Só uma ponte feita da própria vida, de atos de compaixão, de instantes de assombro, de momentos de veneração irá levar-nos a compreender o significado da fé.

Enquanto isso, uma nova religião está emergindo pelo mundo afora, uma religião na qual o corpo é um objeto de suprema adoração, excluindo todos os outros aspectos da existência. A busca de seus prazeres transformou-se em um culto; seus mestres são sacerdotes venerados; para seus rituais, os esforços são dispensados. Nós trocamos a santidade pela conveniência, a lealdade pelo sucesso, a sabedoria pela informação, a alegria pelo prazer, a tradição pela moda.

Não existe fé fora do que se cultiva no coração, nas profundezas da alma, no enriquecimento da mente.

O que nos faz sermos humanos, sermos pessoas? A capacidade de nos interessarmos por outros seres humanos. Animais interessam-se em satisfazer suas próprias necessidades instintivas; a medida na qual somos humanos é proporcional ao grau no qual nos importamos com os outros. A palavra “cura” vem da palavra “cuida”.

Eu sou um ser humano desde que nasci; o que almejo é tornar-me humano.

A doença nos obriga a sermos humildes. Num mundo onde atrevimento e presunção são um estilo de vida e a insensibilidade domina as relações entre os homens, a doença nos faz lembrar de nossa pobreza e nossas limitações, é uma oportunidade para o cínico encontrar a grandeza da compaixão.

A luxúria custa cara, mas ganhar dinheiro é ainda mais caro. Pagamos um preço muito elevado por isto. Ganhar dinheiro pode custar-nos valores que nenhum dinheiro é capaz de comprar.

De acordo com minha própria teoria médica, mais gente morre de sucesso do que de câncer.

Apreciamos o que compartilhamos, não apreciamos o que recebemos. A amizade e o afeto entre duas pessoas estabelecem-se compartilhando um momento significativo, tendo uma experiência em comum. Não se obterá o afeto de seu filho adolescente presenteando-lhe com um automóvel caro.”

Extraído do livro O último dos profetas – Uma introdução ao pensamento de Abraham Joshua Heschel

Um comentário:

Maya Felix disse...

off topic não publicar

caro irmão, a enquete do senado estava em 64% para o NÃO, agora está em 51%. Tiraram do ar, agora ela voltou, e o NÃO começa a perder para o SIM ao PLC 122. Peço que o sr. divulgue a enquete, vamos votar novamente.

http://www.senado.gov.br/agencia